Por Felipe Grandin, G1
O número de candidatos que se declaram indígenas cresceu 29% nos últimos quatro anos, segundo levantamento do G1 com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Indígenas são candidatos em 557 municípios de todos os estados brasileiros e têm o segundo pior índice de sucesso eleitoral, atrás dos que se declaram pretos.
Eram 1.715 na última eleição, em 2016; agora, são 2.215 e os indígenas respondem por 0,40% do total de candidatos, mesmo percentual observado na população brasileira, segundo o último Censo do IBGE.
Distribuição nos estados e municípios
Os candidatos indígenas estão distribuídos por 557 municípios em todos os estados.
O Amazonas concentra o maior número de candidatos indígenas. São 498, uma alta de 40% em relação à última eleição.
O município líder em candidaturas indígenas também fica no estado do Norte do país: São Gabriel da Cachoeira, com 129 candidatos.
“Com o fim da coligação eleitoral para as eleições proporcionais, ou seja, no Legislativo, os partidos têm adotado a estratégia de apresentar candidaturas que se aproximem das características da população brasileira”, afirma Luciana Santana, doutora em Ciência Política pela UFMG e professora na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
“E com o aumento de candidaturas, especialmente nas cidades de grande porte, torna-se mais crível identificar candidaturas com esse perfil ou mesmo de outros que chamem a atenção do eleitor, tais como mais candidaturas ligadas à segurança pública, à área da educação ou saúde.”
Baixo desempenho eleitoral
Os candidatos que se declaram indígenas registraram o segundo pior índice de sucesso eleitoral em 2016, atrás apenas dos que se declaram pretos.
Ao todo, 184 candidatos indígenas que disputaram a última eleição foram eleitos, ou 10,7% do total.
Partidos com mais indígenas
O PT é o partido com o maior número de indígenas nesta eleição: 264, o equivalente a 0,8% dos candidatos da legenda.
Já o PSTU é o que tem o maior percentual de indígenas em relação ao total de candidatos. São 7 registros, o que representa 3,4% do total.
“Chama a atenção a predominância desse perfil de candidaturas em partidos de centro-esquerda ou esquerda”, diz a cientista política Luciana Santana. “Acredito que o que explica isso é o próprio histórico desses partidos com os movimentos sociais ligados à questões raciais e étnicas.”