Por Marta Lopes (Professora Auxiliar na Universidade Lusófona) para jornaleconomico.sapo.pt

Os termos relacionados com responsabilidade social empresarial (RSE) proliferaram ao longo de décadas e foram-se adensando nos últimos anos, refere Marta Lopes, professora auxiliar na Universidade Lusófona.

Sem pretensão de apresentar uma compilação exaustiva, realçam-se algumas diferenças entre os que lhe estão mais próximos e os que são mais mediáticos.

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De todos os conceitos similares à RSE, o de cidadania corporativa (CC) é o que apresenta maiores desafios. O grande impulso da CC pode ser atribuído ao ex-Presidente dos EUA, Bill Clinton, ao promover, em 1996, uma conferência que reuniu diversos líderes empresariais para debater a noção de CC e RSE. Seis anos mais tarde, no Fórum Económico Mundial, novo alento com a assinatura de uma declaração pelos 34 diretores das maiores multinacionais do mundo, com uma definição concreta de CC: a contribuição que a empresa faz à sociedade, através das suas atividades nucleares; do seu investimento social e filantrópico; e do seu envolvimento em políticas públicas.

Podemos considerar, então, que CC designa as atividades e os processos organizacionais adotados pela empresa para assumir as suas responsabilidades sociais. Nesta perspectiva, a CC aproxima-se da RSE na medida em que apoia a participação cívica no envolvimento direto com a comunidade e distancia-se num nível mais micro ao concentrar-se nas atividades empresariais.

Outro conceito na moda é a filantropia empresarial que pode ser considerada uma dimensão da RSE ou o resultado do seu desempenho. No sentido mais restrito, pode ser definida como uma ação de caridade dirigida à comunidade. No sentido mais amplo, como uma doação de dinheiro da organização a causas sociais ou caridade; suporte a atividades como cultura, educação ou artes; apoio a cuidados de saúde; ou para fundos relacionados com apoio a catástrofes naturais.

A filantropia empresarial pode ainda ser entendida como uma atividade voluntária, uma responsabilidade discricionária e representa as contribuições da empresa para a comunidade tendo como objetivo melhorar a qualidade de vida das populações. Na generalidade, difere de RSE porque é uma doação para uma causa social, assume o estigma de caridade, tem na sua base o assistencialismo e está orientada para a envolvente externa da empresa tendo como principal beneficiário a comunidade (exclui os outros stakeholders).

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Vale ainda a pena abordar, nesta reflexão, o conceito de desenvolvimento sustentável. Este termo surge para analisar as relações entre o desenvolvimento e o meio-ambiente, numa tentativa de compreender e explicar as suas interações. Existem centenas de definições mas a mais popular é, sem dúvida, a da ex-primeira-ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland e que foi utilizada pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas: atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.

O relatório Brundtland, como ficou conhecido, defendia que o desenvolvimento sustentável era um processo de transformação no qual a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional harmonizam-se e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. Em termos gerais, esta definição contém três conceitos fundamentais: o de necessidade, a ideia de recursos finitos e a de futuro. Diferenças evidentes e significativas em relação ao conceito de RSE.

Por último, o termo triple bottom line (TBL) que surgiu no início dos anos 90, por John Elkington, fundador da consultora britânica SustainAbility. Em 1997, publicou o livro Canibais com Garfos – TBL dos Negócios do Século XXI e é esta publicação que dá projeção ao conceito. O argumento deste autor é que as empresas devem preocupar-se com as “últimas três linhas” dos relatórios que ficaram conhecidas como o tripé da sustentabilidade. Inclui os aspetos económicos, sociais e ambientais e podem denominar-se como os três P’s – Profit, People and Planet ou, na tradução direta para português, PPL – Pessoas, Planeta e Lucro.

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O TBL teve sucesso ao surgir no contexto da consultoria e das mudanças climáticas, do buraco do ozono, do Zeitgeits, da RSE, da CC e do comércio justo. No entanto, é um conceito que pretende “medir” pessoas e planeta em comparação com o lucro e difere de RSE porque é tão abrangente que “cabe tudo na sua definição” e parece ser mais uma forma de avaliação de desempenho empresarial do que um compromisso com a própria sociedade.

Para terminar, resta dizer que RSE é a responsabilidade que a empresa tem perante a sociedade. E se todos estes conceitos são distintos, também é evidente que todos se tocam, nalgum momento, com a RSE. Saber o que os aproxima e o que os distancia é a melhor forma de prestar a devida homenagem a cada um deles.

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