Por G1
Nos dias finais no comando da Casa Branca, Donald Trump acelera o ritmo das execuções federais, autorizando a morte de cinco presidiários até a posse de Joe Biden, enquanto analisa também o perdão presidencial a parentes e ex-colaboradores. Se tudo correr como o planejado pelo Departamento de Justiça, ele solidifica seu legado como o presidente americano com o maior número de execuções nos últimos 130 anos.
Em seis meses, Trump terá mandado 13 presos para o corredor da morte, após um intervalo de 17 anos sem execuções em penitenciárias federais. Este número equivale a 25% dos condenados à pena capital e reforça as especulações sobre a pressa em que ocorre, durante a transição para um governo que se mostra contrário à prática.
O procurador-geral William Barr atribuiu a retomada das execuções, em julho de 2019, à necessidade de “fazer justiça às vítimas dos crimes mais horríveis”. Entre os cinco programados para serem executados a partir desta quinta-feira até a posse de Biden, está Lisa Montgomery, que seria a primeira mulher a ser executada em 70 anos.
Ela foi condenada por estrangular uma mulher grávida em 2004 e remover o bebê de seu corpo com uma faca. A criança sobreviveu e foi resgatada. Sua defesa alega que Lisa tem uma doença mental grave e foi vítima de estupro e incesto na infância.
A execução ocorreria até o dia 31, após ter um pedido de indulto negado pelo governo. Porém, os advogados se infectaram com o novo coronavírus e a sentença foi remarcada para o dia 12 de janeiro, oito dias antes de Biden ser empossado.
Dos cinco, quatro são negros, num indício de discriminação racial nas condenações à morte. Com 40 anos, o texano Brandon Bernard é o mais jovem, sentenciado à execução em 1999 por sequestrar e matar o casal Todd e Stacie Bagley, quando tinha 18 anos.
Ativistas alegam que cinco dos nove jurados que o condenaram se arrependeram. Entre os defensores está Kim Kardashian, empresária e estrela de um reality show, que pediu a seus 67,7 milhões de seguidores que apoiassem a campanha para impedir a sua execução.
Numa carta aberta divulgada pelo grupo Fair and Just Prosecution, um grupo de 90 policiais, procuradores e xerifes pede às autoridades federais que interrompam as cinco execuções federais, sob o argumento de que a transição incerta e o ressurgimento da pandemia podem minar a confiança no sistema de justiça criminal e corroer a segurança pública.
A pena de morte é legalizada em 29 estados e no governo federal. Em seu comunicado, o grupo alega que a longa experiência do país sobre o tema fracassou: “Este presidente pode dar o exemplo, convertendo as sentenças de morte pendentes em sentenças de prisão perpétua sem a oportunidade de liberdade condicional.”
Opinião semelhante foi manifestada pelo diretor do Centro de Informações sobre Pena de Morte, Robert Durham, em entrevista à Associated Press, que classifica a lista de execuções como uma aberração histórica:
“É difícil entender por que alguém, nesta fase da presidência, se sente compelido a matar todas essas pessoas – especialmente quando o povo americano votou em outra pessoa para substituí-la e essa pessoa disse que se opõe à pena de morte.”
No último século, nenhum prisioneiro federal foi executado durante a transição de poder. Mas este governo está aí para romper tradições e quebrar parâmetros. A corrida contra o tempo para levar adiante a aplicação da pena capital para criminosos é concomitante à temporada de perdões presidenciais para privilegiados.
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