Aulas com foco em habilidades socioemocionais ganham horas na grade e colégios continuarão a ter ensino remoto

Danilo Perelló 30/06/2020 – O GLOBO RIO

RIO – A pandemia e o confinamento fizeram as escolas iniciarem uma revisão quase total de seus sistemas. E não só porque de repente se viram mergulhadas no universo das aulas on-line ou porque agora enfrentam o desafio de se adaptar às regras impostas pela pandemia de Covid-19 para funcionar com segurança. Nem porque ainda não há certeza de quando as aulas presenciais serão retomadas ou como será distribuído o conteúdo pedagógico previsto para este ano escolar. O mais difícil será ajudar os alunos na readaptação à rotina escolar.

O pilar socioemocional no ensino acadêmico, que já vinha ganhando destaque entre pedagogos e está entre as competências básicas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), agora ganha ainda mais relevância. Muitos estudantes não se adaptaram ao sistema remoto, por diferentes motivos: não têm ambiente favorável para estudar em casa, sentem falta dos amigos, ressentem-se de problemas de convivência na família, não conseguem se concentrar por temerem o contágio pelo novo coronavírus, desenvolveram angústia ou ansiedade com as indefinições do momento, ainda elaboram a perda de parentes. Num cenário tão complexo, o suporte da instituição de ensino se faz mais necessário.

— Primeiro teremos que harmonizar o coração e a mente deles. Aí, o conteúdo virá junto — diz José Wagner Rodrigues da Cruz, diretor do Colégio Marista São José.

A insegurança assombra muitos estudantes, observa a supervisora psicológica do Pensi, Ana Coquito:

— Vemos que muitos têm a sensação de não estarem aprendendo. Mas, quando conversamos, percebemos que aprenderam um monte de coisas. Queremos pensar coletivamente para tentar entender como estamos crescendo agora. E se não tivermos crescido, tudo bem também. É um momento muito difícil mesmo.

Para o retorno ao modelo presencial, inicialmente previsto para julho e agora sem data, segundo a Secretaria municipal de Educação, as escolas já se preparam para um momento de avaliação e diagnóstico do aluno pós-quarentena.

— A criança pequena voltará para a escola depois de três meses do lado dos pais dentro de casa. Precisaremos de uma adaptação na ponta dos dedos — diz Vinicius Canedo, diretor-executivo do Mopi, onde a disciplina Qualidade de Vida ganhou mais espaço na grade curricular como consequência da pandemia.

Diretora do Colégio e Curso De A a Z, Marina Stefano Foto: ROBERTO MOREYRA / Roberto Moreyra
Diretora do Colégio e Curso De A a Z, Marina Stefano Foto: ROBERTO MOREYRA / Roberto Moreyra

No Eleva, foi criado em 2015 o programa LIV (Laboratório de Inteligência de Vida), que já é oferecido em centenas de escolas no país e trata das habilidades socioemocionais em todas as idades. Desde o início da quarentena, o projeto teve conteúdos específicos para ajudar as famílias a se adaptarem à realidade imposta pela pandemia. Na semana passada, foi lançado o LIV Aproxima: Guia de Acolhimento na Volta à Escola, prevendo etapas para a retomada.

— Esse material estará aberto para qualquer escola usar. Planejamos, por exemplo, três tempos, acolhimento, elaboração e ancorada, que podem se sobrepor cronologicamente. Na elaboração, faremos escutas individuais. Em seguida, trabalharemos também o luto dos alunos — explica Joana London, psicóloga e gerente pedagógica do LIV.

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