Por: Kennedy Gomes de Alecrim

Em um momento onde se pode estar questionando a condição do castigo na educação infantil, uma reflexão a respeito do tema pode ser bastante interessante e as técnicas comportamentais podem nos ajudar.

A punição, o reforço e a extinção são castigos comportamentais que você até já deve ter usado ou conhecido, mas talvez não saiba sobre seus princípios de funcionamento. Cada termo conceitual se refere a procedimentos distintos.

A primeira coisa a se pensar é que as propostas exibidas nesse artigo necessitam de com senso e constância por parte dos educadores (pais ou professores) para que a criança faça a relação correta. Proibir ou punir, ou mesmo recompensar em um momento e mudar de postura diante de uma outra situação semelhante, vai invalidar todo o processo.

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Educando com o “reforço”

Quando falamos em reforço queremos dizer que desejamos que a criança (ou mesmo adolescentes ou adultos) reproduzam o comportamento desejado de forma igual ou até melhor.

A criança arrumou o quarto e você deseja que ele permaneça com essa prática. No contexto do reforço você dá a ele algo que ele gosta, um exemplo seria fazer um elogio ou suco que ele mais gosta (algo simples). Esse reforço é chamado de “reforço positivo” pois a criança recebe algo em troca.

Mas você também pode retirar da criança algo aversivo a ela, como por exemplo mudar a postura de dar ordens para uma postura de conversa igualitária, serena e calma. A criança vai saber que se fizer a mesma coisa ocorrerá o mesmo comportamento por parte dos pais. Nesse caso chamamos de “reforço negativo” pois algo foi retirado da criança. No caso a postura agressiva dos pais.

Dois detalhes desse processo. Em primeiro lugar se a cada momento você responder, emocionalmente, de uma forma diferente, esse processo não será entendido pela criança. Mesmo no mundo adulto isso ocorre e você já deve ter passado por isso com alguém. O segundo detalhe diz respeito ao tempo. O reforço deve ser aplicado exatamente após a criança ter tido o comportamento desejado.

Educando com o “castigo”

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Da mesma forma que existe o reforço existe a punição. Ela também pode ser positiva ou negativa e devem ser aplicadas exatamente após o comportamento não desejado.

No caso da punição positiva a criança será repreendida de forma séria e direta (lembre-se que não deve existir negociação ou flexibilidade no processo). Também não a necessidade de se exaltar em demasia, isso, além de não ser necessário, poderá ser repetido pela criança na vida adulta, pois elas aprendem por imitação. Ser claro, sério e direto na repreensão não significa xingar ou gritar.

O castigo negativo, por outro lado, seria retirar algo que a criança goste depois de um comportamento não desejado.  Um exemplo dessa técnica seria retirar da criança a atividade de mobilidade, utilizando o famoso “cantinho do pensamento”, onde ela deve ficar quieta, pensando no que fez até o tempo estipulado pelo responsável. Normalmente o tempo corresponde à gravidade do ato cometido. Já vi casos de até uma hora de suspensão da mobilidade. Mas tenha cuidado e bom senso ao estipular o tempo e a salubridade do local.

Educando com a “extinção”

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Pois bem, vamos lá. Algumas crianças não possuem aversão à situações de repreensão ou mesmo demonstram ficar mais intransigentes na medida em que são castigadas, pois a criança pode interpretar que chamou a atenção e a atenção social é um dos maiores reforços positivos que existem, tanto para as crianças como para os adultos. Assim, a criança vê que, quanto mais bagunça fizer, mais atenção receberá dos adultos. Isso então funcionará como um reforço positivo, principalmente quando o espaço social onde ela vive demonstra um certo grau de austeridade entra as pessoas. Dessa forma ela pode até interpretar que ao ralharem com ela, na verdade estão inserindo ela no grupo. Mas o que fazer ?

Você já ficou sem falar com uma pessoa e percebeu que isso incomodou mais a ela do que se você tivesse brigado com ela. A ideia central é essa, ignorar o que a criança está fazendo, não dar feedback, excluir sua importância no grupo. Como foi dito esse a aceitação social é muito importante para o ser humano, em qualquer idade, e por isso ele irá buscar ser novamente aceito pela autosujeição ao comportamento desejado, motivado pela frustração de ser ignorado.

Mais uma vez é indicado lembrar do bom senso quanto ao processo da aplicação dessa e das demais técnicas. Doses desproporcionais, tanto de reforços quanto de punições e castigos podem gerar traumas para o resto da vida. Isso vale para adultos também.

Fique bem.

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