Por: Ricardo Cavallini

Uma boa parte de nós já compreende que o funcionamento das redes sociais se dá através dos tais algoritmos, que nos manipulam e direcionam para gerar benefício para as mesmas.

O objetivo é sempre o lucro e, como consequência, algumas precisam manter você mais tempo, clicar mais, assistir mais ou discutir mais. O problema começa na consequência da consequência. Para gerar mais interação ou manter as pessoas por mais tempo, os algoritmos acabam trazendo comportamentos que não são benéficos para as pessoas.

Arthur Hidden/ Freepik
Imagem: Arthur Hidden/ Freepik

O algoritmo não é necessariamente malicioso na origem. O Facebook não coloca opiniões iguais as suas na timeline porque ele tem prazer em fazer isso. Mas aprendendo que isso gera frutos, ele passa a fazer isso sistematicamente para obter benefício próprio.

Por isso, podemos até discutir se a culpa é do algoritmo ou das pessoas, mas o ponto é que é preciso aprender a ler ambos.

O tal comportamento de gado, de manada, não cabe apenas quando a discussão é ideológica ou sobre política. Para não sermos manipulados, é preciso entender o algoritmo para fugir dele.

Algumas redes fomentam a ira, a polarização, algumas a inveja, a luxúria. É quase poético entender que a maioria trabalhe com algum pecado capital.

Cansamos de ver amizades desfeitas, famílias separadas e, nos casos mais graves, o comportamento ferindo gravemente a democracia.

E neste ponto, precisamos falar sobre o Linkedin. Não que seja a rede mais problemática, mas no âmbito profissional é a mais relevante.

A febre dos coaches e da autoajuda é causa e consequência. Causa porque o Linkedin não criou o problema, mas consequência porque a rede social fomenta e potencializa.

Aquele seu amigo que aprendeu a postar um vídeo engraçadinho ou emotivo já embute uma frase tentando ensinar algo. Uma mistura de meme com o biscoito da sorte. E das frases de efeito e autoajuda, pulamos para os textos que vendem supostos aprendizados e fórmulas mágicas.

O que o filme “Soul”, da Pixar, pode ensinar sobre empreendedorismo. O que a vitória (ou derrota) do Corinthians ensina sobre marketing. O que o jogo Among Us pode nos ensinar sobre logística. O que o “Gambito da Rainha” ensina sobre gestão. O que a cerimônia do chá nos ensina sobre liderança. O que o vídeo da tacada de golfe com a bolinha quicando sobre a água ensina sobre superação, influência, sucesso, negócios, gestão, marketing, vendas, empreendedorismo…

Existem muitos problemas nessa enxurrada de autoajuda.

O primeiro pode ser psicológico. No ensaio “Autoafirmações positivas: poder para alguns, perigo para outros“, os psicólogos norte-americanos Joanne Wood, W Q Elaine Perunovic e John Lee falaram sobre o risco deste tipo de conteúdo agravar a situação para pessoas com baixa autoestima. A dupla Instagram e LinkedIn funciona como o Batman e Robin da depressão, um derruba, o outro te chuta a boca.

O segundo é que essa simplificação e romantismo levam a entendimentos errados e um distanciamento de realidade. Homogeneiza, pasteuriza, traz receitas fáceis e fórmulas mágicas em um cenário que é muito mais complexo que isso. Leva profissionais e empresas para o caminho errado, gera frustração e ao seu subdesenvolvimento profissional.

E, na melhor das hipóteses, vai fazer você perder tempo, muito tempo, assim como já acontece com outras redes.

Boa parte dos autores que critico nesse artigo aprenderam a ler o algoritmo e utilizam esse aprendizado em busca de likes e seguidores. Para isso, passaram a postar uma quantidade infinita de lixo que passa todos os dias na sua timeline sem fazer você aprender algo que realmente tenha valor.

Mas filtrar a timeline em tempo real não é viável. Por isso, é preciso filtrar pessoas, não conteúdo. Pare de seguir, remova a conexão. Essas pessoas estão crescendo em troca da sua ineficiência.

Esse terceiro problema, de consumir seu tempo, pode parecer menos grave, mas em tempos onde é preciso estar sempre estudando para se manter em dia, são minutos preciosos que você deveria estar estudando, descansando, dormindo ou se divertindo.

Como todas as redes, o LinkedIn pode trazer muitos benefícios, mas é preciso usar com moderação.

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