Iniciativa pode contribuir para procedimento mais simples e rápido. Foco são animais machos; testes nos felinos começam em abril.

Por: G1 / DF


Cachorro e gato  — Foto: Pixabay/Reprodução
Cachorro e gato — Foto: Pixabay/Reprodução

Um projeto do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da Universidade de Brasília (UnB) desenvolve um método de castração não cirúrgico para cães e gatos. A iniciativa pode contribuir para que o procedimento seja mais rápido e simples para os animais machos.

Os experimentos, até o momento, foram feitos em ratos, e os resultados foram positivos: os animais ficaram estéreis em definitivo com apenas uma sessão de tratamento, sem efeitos colaterais. A partir de abril serão iniciados os testes com gatos.

“A nossa ideia é aplicar a técnica primeiro em gatos, porque eles têm uma reprodução aceleradíssima, e depois em cachorros. Os gatos têm um tamanho mais fácil de trabalhar, enquanto os cachorros variam muito em relação ao porte, o que requer uma adaptação do método”, disse a professora e veterinária Carolina Madeira Lucci.

À frente do projeto, a docente contou que a ideia surgiu ao observar o aumento do número de animais abandonados. Com isso, buscou aplicar seus conhecimentos para encontrar uma solução. Ela é tutora de quatro cachorros e dois gatos, todos resgatados das ruas.

Carolina explica que a castração cirúrgica dos animais, seja macho ou fêmea, é eficiente, mas não é um procedimento rápido e nem de fácil acesso.

“Exige infraestrutura e profissionais habilitados. Então pensei: será que a gente não pode simplificar, desenvolver um método que não seja cirúrgico e que funcione?”, contou.

Machos

A professora explica que a escolha de trabalhar com machos é devido a facilidade de acesso às gônadas, ou seja, os testículos do animal. Além de estarem localizados fora do abdômen, possuem uma sensibilidade maior ao calor — temperaturas elevadas causam danos no processo de produção dos espermatozoides.

No caso das fêmeas, a mesma técnica não é aplicável, pois os ovários ficam dentro da cavidade abdominal e não apresentam a mesma sensibilidade térmica.

Outra razão que justifica a pesquisa com machos se baseia no ciclo reprodutivo dos animais

“Cada fêmea vai ter um cio, emprenhar, ter vários filhotes e passar um tempo ali na gestação. O macho não, ele pode emprenhar uma fêmea hoje, outra amanhã, outra depois de amanhã. Ele é capaz de gerar gestações em várias fêmeas em um curto espaço de tempo”, explica Carolina Lucci.

Fachada da reitoria da Universidade de Brasília (UnB) — Foto: Mateus Rodrigues/G1

Fachada da reitoria da Universidade de Brasília (UnB) — Foto: Mateus Rodrigues/G1

Castração

De acordo com a professora, o procedimento é simples e não exige acompanhamento posterior. Consiste na injeção de nanopartículas de óxido de ferro no testículo do animal, que deve estar sedado. A partir daí, podem ser adotadas duas técnicas de esterilização: por meio da aplicação de um campo magnético (magnetohipertermia) ou de uma luz de LED (fotohipertermia).

Os processos duram em torno de 20 minutos, período no qual o animal permanece sedado.

“A vantagem é que, como eu não estou fazendo nada cirúrgico, não preciso acompanhar esse animal depois (não preciso tirar pontos nem aplicar antibiótico). A cirurgia expõe o animal a micro-organismos, e ele pode desenvolver uma infecção. Neste tratamento, isso não acontece”, esclarece Carolina Lucci.

Abandono

A pandemia de Covid-19 causou o aumento no número de animais abandonados no Distrito Federal e a redução de campanhas de castração, como indicam dados do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Em 2019, 9.055 cães e gatos foram castrados pelo órgão, enquanto em 2020, devido à crise sanitária, foram 3.478. Em 2021, com a retomada mais intensiva do programa do Ibram, 10.330 passaram pelo procedimento.

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