Por Kleber Tomaz, G1 SP

Justiça aceitou nesta semana a denúncia do Ministério Público (MP) e tornou ré amulher que aparece em vídeos nas redes sociais ofendendo e agredindo funcionários e clientes de uma padaria na Zona Oeste de São Paulo, no dia 20 de novembro.

Lidiane Brandão Biezok, de 45 anos, é acusada pela promotora Martha de Camargo Duarte Dias de ter cometido injúria racial, lesão corporal e homofobia contra as vítimas. Em entrevista à TV Globo, a mulher, que está em prisão domiciliar, pediu desculpas e alegou que sofre de bipolaridade e depressão.

Mesmo assim, em sua decisão, a juíza Carla de Oliveira Pinto Ferrari, da 20ª Vara Criminal, no Fórum da Barra Funda, determinou na terça-feira (1º) que Lidiane continue respondendo aos três crimes presa em casa. A mulher teve a prisão em flagrante convertida por decisão judicial, após alegar que possui “problemas psiquiátricos”. Desde então está detida preventivamente dentro do apartamento onde mora com os pais.

A magistrada também negou o pedido da defesa da acusada para autorizar a instauração de um incidente de insanidade mental em Lidiane. De acordo com seu advogado Victor Martinelli Paladino, a mulher pode ter tido um surto psicótico no dia que foi filmada xingando e batendo em clientes e empregados da padaria Dona Deôla, em Perdizes, bairro nobre da capital.

“Quanto à alegada insanidade mental da ré em fase de inquérito, reputa-se prematura a instauração do respectivo incidente, na medida em que a maior parte dos documentos trazidos pela defesa da ré aos autos refere-se a receituários cujo conteúdo está ininteligível, sendo que alguns sequer estão datados”, discordou a juíza Carla Ferrari na sentença na qual aceitou a acusação contra Lidiane.

‘Advogada internacional’ e insanidade

Quando foi presa pela Polícia Militar no dia 20 na padaria, a mulher se identificou como “advogada internacional”, conforme a filmagem que circula na web (veja no vídeo acima). Entretanto, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informou que ela não tem registro para advogar

Segundo sua defesa, a família de Lidiane informou que ela cursou a faculdade de direito na Universidade Mackenzie, na capital, em 2003, quando se tornou bacharel. Mas não fez o concurso da OAB.

O advogado de Lidiane defende que ela seja liberada da prisão domiciliar, e alega que sua cliente precisa de tratamento psiquiátrico. Por esse motivo, ele quer sua cliente seja submetida a um exame de insanidade mental.

“Para apurar se nos momentos dos fatos Lidiane tinha ou não ciência ou capacidade dos atos dela”, falou Victor, na terça-feira (1º).

Pedido de desculpas

Policial Militar conversa com mulher que fez ofensas em padaria em São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais
Policial Militar conversa com mulher que fez ofensas em padaria em São Paulo — Foto: Reprodução/Redes sociais

No último dia 23 de novembro, quando falou com a reportagem, Lidiane se identificou como advogada e pediu desculpas às vítimas pelo que fez. Também disse sofrer de bipolaridade e depressão.

“Esse problema de depressão é genético, é grave, não é uma depressãozinha, entendeu? É uma depressão para o resto da vida, é bipolaridade. É uma coisa complicada, é complexo”, disse a mulher por telefone.

“Eu gostaria muito, muito mesmo de dar um abraço neles e falar: ‘Desculpa, cara. Desculpa, perdão'”, declarou Lidiane, que se disse arrependida e não quis ofender e agredir ninguém.

Essa não é a primeira vez que ela é acusada por xingar e bater em alguém. Em 2005, Lidiane havia sido acusada de calúnia, injúria e difamação. E, em 2007, respondeu por lesão corporal. Também há outros boletins de ocorrência contra ela por crimes parecidos.

Os dois processos, no entanto, foram suspensos na Justiça. O motivo seria o fato de a ré ter depressão, o que a impediria também de exercer a advocacia, segundo policiais ouvidos pelo G1.

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