Por Raíssa Gomes – Notícias UNB

A professora do Departamento de Biologia Celular (Cel/IB) da Universidade de Brasília Sônia Báo foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Os novos integrantes tomarão posse no próximo dia 1º de janeiro.

Sônia atua na UnB desde 1987 e acumula no currículo muitas passagens por organizações nacionais e internacionais como colaboradora e revisora de periódicos. A docente foi vice-reitora da Universidade de 2012 a 2016. Mais recentemente, foi membro do Conselho Superior e diretora de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“Eu cheguei até aqui e tive esse reconhecimento, mas tenho convicção de que não foi uma carreira solo. A Universidade é que me acolheu quando vim para cá, me deu espaço e condição para que eu pudesse seguir minha carreira. E todos os estudantes que passaram por mim, seja em orientação ou sala de aula, contribuíram para isso. As minhas parcerias com outros professores, projetos conjuntos, tudo isso se soma. Eu não conquistei isso sozinha”, afirma a professora.

Atualmente, Báo coordena a pesquisa Desenvolvimento de nanomatriz farmacêutica lipídica baseada em manteigas vegetais de espécies amazônicas para o carreamento de fotossensibilizante: potencialidades e emprego na terapia fotodinâmica anticâncer. O projeto tem o objetivo de desenvolver tecnologias verdes com o uso de reagentes renováveis, ou de proveniência natural, para serem empregados como alternativa aos fotossensibilizantes já utilizados em terapia fotodinâmica anticâncer.

ANTICIÊNCIA – Questionada sobre a importância de instituições de valorização da ciência em um momento de negacionismo que o Brasil enfrenta, a professora acredita que “é um grupo pequeno, mas barulhento”.

“O Brasil enfrentou recentemente o problema do zika, buscou soluções na ciência e resolveu o problema. Agora, temos uma questão mundial do coronavírus e quem está dando as respostas é a ciência. As questões políticas que aparecem por trás vêm mais atrapalhar do que ajudar. Um país, para ter o seu desenvolvimento, precisa de um bom investimento em educação, essa seria a grande virada. Mas educação de verdade, para todos os segmentos, todos os níveis, e fazer com que as pessoas sejam cultas, educadas, consigam ter uma análise crítica”, diz.

Além disso, Sônia acredita que o investimento em educação e ciência ajudaria a resolver diversos outros problemas do país. “Eu não consigo separar a educação de ciência e tecnologia, inovação e desenvolvimento. Para mim, está tudo junto. Se a gente tivesse mais investimento nessas duas áreas, com certeza a gente teria menos problemas de saneamento – portanto a saúde seria melhor –, menos problemas de transporte, de falta de segurança, e tudo isso se somaria a esse conjunto”, conclui.

ESCOLHA – A indicação à Academia Brasileira de Ciências é feita por membro titular da própria ABC e depois votada pelos representantes, em várias etapas de escolha.

Os membros titulares são cientistas radicados no território brasileiro há mais de dez anos, e os correspondentes são radicados no exterior por igual período, ambos com destacada atuação e reconhecido mérito científico no Brasil.

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