Estudos apontam a necessidade de alinhar os valores dos sucessores e as oportunidades oferecidas pelas instituições rurais para garantir a continuidade do agronegócio.

Por: Kennedy Gomes de Alecrim / Eupontocom

Triângulo Mineiro: Em meio às vastas paisagens rurais, uma questão tem emergido com força nos últimos anos: a decisão dos jovens de permanecer ou não no campo. Esta decisão, que pode parecer simples à primeira vista, carrega consigo o peso do futuro da agricultura familiar e do desenvolvimento sustentável do meio rural brasileiro.

Imagem ilustrativa por Michelangelo” da OpenAI para Eupontocom

De acordo com um estudo de caso realizado em uma cooperativa agropecuária do Triângulo Mineiro, os jovens rurais desejam mais do que apenas a tranquilidade e a beleza do campo. Eles buscam um ambiente rural que lhes ofereça as mesmas oportunidades e acessos que encontrariam em grandes centros urbanos. Esta demanda vai desde cursos de capacitação e atualização até tecnologias que facilitem o trabalho pesado e aumentem a lucratividade.

No entanto, a realidade muitas vezes se mostra diferente. Se as instituições presentes no meio rural, como cooperativas e associações, não conseguirem atender a essas demandas, os jovens podem optar por abandonar suas raízes e buscar novas oportunidades na cidade. Esta migração, além de afetar a demografia rural, pode comprometer a manutenção da agricultura familiar, que desempenha um papel crucial na produção de alimentos no país.

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O estudo também aponta que não basta apenas oferecer oportunidades. A participação ativa dos jovens em atividades e reuniões das cooperativas é essencial. Esta interação pode influenciar positivamente sua decisão de permanecer no campo, fortalecendo sua conexão com a comunidade e incentivando-os a se tornarem líderes e defensores do desenvolvimento rural.

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Por outro lado, uma pesquisa conduzida por Furlan, Angnes e Morozini em 2018 traz uma perspectiva complementar. O estudo destaca a importância dos valores percebidos pelos sucessores – aqueles que herdarão as propriedades rurais. Foi identificado que os sucessores percebem uma relação entre valores coletivistas, que priorizam o bem-estar da comunidade, e individualistas, que focam no sucesso e realização pessoal.

Mais do que isso, os sucessores que ainda estão indecisos quanto ao seu futuro no campo não veem diferenças significativas entre esses valores. Isso sugere que, para muitos, a decisão de permanecer no agronegócio não é apenas uma questão de oportunidade, mas também de identidade e propósito.

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Em resumo, a sustentabilidade do agronegócio brasileiro depende de uma abordagem multifacetada. As instituições rurais precisam estar atentas às demandas dos jovens, oferecendo oportunidades que vão além do trabalho no campo. Ao mesmo tempo, é crucial entender e respeitar os valores da nova geração, garantindo que eles se vejam como parte integrante e essencial do futuro do agronegócio.

Fontes:
Furlan, M., Angnes, J. S., & Morozini, J. F. (2018). Capacidade absortiva em propriedades rurais de agricultores associados a uma cooperativa agroindustrial. Cadernos Ebape.br, 16(2), 302-317. https://doi.org/10.1590/1679-395164312

Boessio, A. T., & Doula, S. M.. (2016). Jovens rurais e influências institucionais para a permanência no campo: um estudo de caso em uma cooperativa agropecuária do Triângulo Mineiro. Interações (campo Grande), 17(3), 370–383. https://doi.org/10.20435/1984-042X-2016-v.17-n.3(02)

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