Por Patrícia Bispo para o RH.com.br
Enquanto algumas empresas encontram dificuldades para cumprir a Lei nº 8.213/91, também conhecida como Lei de Cotas – direcionada às pessoas com deficiência e que dispõe sobre os planos de benefícios da previdência e que dá outras providências para a contratação de portadores de necessidades especiais – há organizações que navegam em águas tranquilas quando precisam abordar essa questão. O diferencial está na forma como a contratação de deficientes é vista e trabalhada pelos dirigentes corporativos.
Um exemplo que pode servir de inspiração para muitas empresas é a Serasa Experian, que em dezembro de 2014, conquistou o primeiro lugar no I Prêmio Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência, realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e a consultoria i.Social.
Mas, esse reconhecimento público não chegou de “uma hora para outra”. Há anos a companhia investe nas melhores práticas de mercado voltadas aos trabalhadores que possuem algum tipo de deficiência. Essa proposta culminou na criação de uma política de “Não Discriminação”, e no fortalecimento da “Promoção da Diversidade”. Essa premissa tem sido a responsável pela geração de um ambiente de trabalho livre de discriminação e seus pilares encontram-se erguidos através da oferta de oportunidades iguais de trabalho entre os funcionários, prestadores de serviços e parceiros. “O normativo também informa o posicionamento da Serasa Experian em relação à promoção da Diversidade e da Inclusão, aos programas existentes, regidos ou não pela legislação local, bem como em relação à orientação de condutas não discriminatórias por parte dos seus funcionários. Este posicionamento é parte fundamental dessa política, é o Programa de Inclusão, responsável pelas contratações e acompanhamento das pessoas com deficiência”, informa Andrea Regina, gerente de Sustentabilidade Corporativa da Serasa Experian.
Ainda, segundo Andrea Regina, o Programa de Inclusão existe com o intuito de promover e implementar a estratégia de diversidade com foco nos profissionais com deficiência. A iniciativa visa, também, assegurar a inclusão destes profissionais dentro do ambiente corporativo – o que é muito mais do que apenas a contratação para fins de cumprimento da Lei de Cotas. O programa tem sido considerado, pela Serasa Experian, o responsável por uma aproximação frequente junto aos líderes, aos profissionais com deficiência e aos tutores destes profissionais (personagem recentemente criada para acompanhar o novo profissional nos primeiros três meses de casa).
“O programa é responsável por assegurar que estes profissionais sejam, de fato, contratados de acordo com o seu potencial de entrega, além de estar sempre atento às novas tecnologias existentes, novas tendências no segmento e por todo o relacionamento com o Ministério do Trabalho e Previdência Social”, complementa a gerente de Sustentabilidade Corporativa, ao acrescentar que a grande meta da Serasa Experian é assegurar que todos os funcionários com algum tipo de deficiência sintam-se verdadeiramente pertencentes, que tenham oportunidades de crescimento profissional e desenvolvimento pessoal, e que estejam satisfeitos e felizes por trabalharem na organização.
SELEÇÃO DOS TALENTOS – O processo de recrutamento e a seleção dos colaboradores – que possuem algum tipo de deficiência – é realizado pela área de Recursos Humanos. Contudo, uma especialista em Diversidade e Inclusão acompanha todos os procedimentos, assegurando a conduta correta e a inclusão de acordo com a política da empresa. Essa ação garante, na visão de Andrea Regina, maior assertividade, retenção e adaptação do novo funcionário na empresa e equipe. O perfil e as atividades do candidato são cuidadosamente avaliados, assim como a adaptação do ambiente e a sensibilização da equipe que receberá o deficiente. Esta sensibilização que dura, em média, três horas é realizada por parceiros especialistas em cada uma das deficiências. Esse processo, por sua vez, resulta em baixo turnover e muita confiança dos líderes em absorverem pessoas com deficiência em suas equipes.
Outro diferencial do programa é criação da figura do tutor. Este personagem – criado recentemente – é membro da equipe, não líder que contratou o profissional deficiente. O seu papel é acompanhar e apoiar a adaptação deste novo profissional na empresa durante seus primeiros três meses. A empresa proporciona também um ‘plantão’ de atendimento, que apoia o líder, o liderado e o tutor nas mais diversas questões que surgem no dia a dia corporativo.
“A Serasa Experian acompanha de forma intensa a pessoa com deficiência nos seis primeiros meses de trabalho, contribuindo para sua integração e desenvolvimento profissional. A tutoria e os plantões acontecem de forma ativa e preventiva, incentivando e acelerando o processo de autodesenvolvimento profissional, mitigando riscos de desligamento e contribuindo para o alinhamento da cultura inclusiva e humanista da organização. Os resultados são surpreendentes, destacando a Avaliação de Performance, na qual os deficientes possuem desempenho igual e, em alguns casos, até superior à média da empresa”.
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO – A gerente de Sustentabilidade Corporativa cita que a empresa sempre preocupa-se em respeitar a legislação e oferecer as condições ideais para o trabalho e o desenvolvimento, mas as pessoas com deficiência também precisam assumir uma postura madura no sentido profissional, buscando o próprio desenvolvimento técnico e jamais cobrando atitudes protecionistas. Por isso, todos são avaliados da mesma forma e quando não respondem às expectativas da empresa, passarão pelo processo de desligamento.
INSTALAÇÕES ADEQUADAS – No tocante às instalações da Serasa Experian, podemos afirmar que essas são privilegiadas quando olhamos sob o prisma das pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Isso porque, a empresa conta com rampas, banheiros adaptados, portas e cancelas de passagem adequadas para cadeirantes. No térreo, por exemplo, há o piso “podotátil”, com texturas e relevos diferenciados para deficientes visuais. Todos os elevadores têm sintetizador de voz. Desde 2008, a empresa dispõe de um Jardim Sensorial, voltado especialmente às pessoas com deficiência visual. O jardim reúne vários tipos de plantas com diferentes cheiros e texturas.
A Serasa Experian investe em tecnologias assistivas, por compreender que sem esses recursos não seria possível assegurarmos a verdadeira inclusão destes profissionais e garantir que eles sejam, efetivamente, produtivos. Assim, a empresa dispõe dos softwares leitores de tela, impressoras que imprimem em braile e alto-relevo com texturas diferenciadas para pessoas cegas, além de lupas de ampliação de tela para profissionais com baixa visão. São disponibilizados, ainda, intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, as Libras, para facilitar a comunicação com os surdos em reuniões, treinamentos e palestras, assim como aplicativos especiais como o Hand Talk, com este mesmo fim. Como a língua materna dos surdos é a LIBRAS e não o Português, a Serasa Experian oferece cursos de língua portuguesa para estes profissionais. Atualmente, a empresa conta com mais de 40 profissionais surdos atuando em seu quando funcional. “A contratação de pessoas com deficiência reafirma nosso compromisso com a promoção da Diversidade, o nosso compromisso de atuarmos como uma empresa cidadã. E, sem dúvida alguma, a promoção de um ambiente corporativo diverso resulta em um ambiente inovador e criativo, o que culmina uma maior produtividade e competitividade da empresa. Afinal, o grande diferencial que temos em um mercado cada vez mais competitivo, são as nossas pessoas”, finaliza Andrea Regina, gerente de Sustentabilidade Corporativa.
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