Pesquisa do The Center For Transformative Work Design indica que chefes não confiam no gerenciamento virtual, tendem a monitorar mais funcionários e deixálos ansiosos

Por Barbara Bigarelli – Valor Econômico – Carreira

Em um amplo estudo que conduz desde abril sobre os impactos na covid-19 no ambiente de trabalho, a professora de gestão da Curtis University e pesquisadora do The Center For Transformative Work Design, Sharon K. Parker, investigou como o trabalho remoto pode prejudicar a confiança de gestores e, por consequência, a motivação de seus funcionários. Ela defende que a gestão remota exige habilidades diferentes daquelas que o líder apresenta na interação presencial e que muitos deles foram jogados ao trabalho remoto da noite para o dia, sem treinamento prévio. “Como resultado, alguns gerentes podem estar achando seus papéis mais difíceis do que antes – e tornando a vida de seus subordinados mais estressante enquanto eles lutam para se adaptar”, escreveu em um artigo recente para a Harvard Business Review.

Os resultados preliminares comprovam, de certa forma, a sua tese. Da amostra de 1,2 mil profissionais que participam do estudo, 215 possuem um cargo de supervisão. Cerca de 40% admitiram falta de confiança em sua capacidade de liderar os funcionários remotos, 23% mostraram não concordar com a frase “estou confiante que posso gerenciar as pessoas remotamente” e 16% disseram não ter certeza sobre essa capacidade. Uma parcela significativa deles também teve percepção negativa a respeito do trabalho de seus próprios funcionários.

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Trinta e oito por cento dos gestores concordaram que os trabalhadores remotos geralmente têm um desempenho pior do que aqueles que estão no escritório e 22% não tinham certeza se eles estavam sendo mais ou menos produtivos. Mais de 40% dos gestores entrevistados, aliás, disseram não acreditar que seus funcionários podem se manter motivados no longo prazo se ficarem remotos. Quase um terço questionou se seus funcionários tinham conhecimento necessário para fazer o trabalho e mais de um quarto afirmou que eles não tinham as habilidades principais. Olhando com mais detalhe para o perfil dos respondentes, Sharon e seu time descobriram algumas particularidades. Os gerentes mais jovens relatavam baixa confiança na própria gestão remota com mais frequência e aqueles profissionais que relatavam ter menos autonomia de trabalho, monitoramento acirrado do superior e desconfiança dos chefes tinham visões mais negativas a respeito da gestão remota e replicavam a desconfiança para seus funcionários.

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Do lado dos funcionários (617 analisados), Sharon descobriu que aqueles que trabalhavam remotamente com maior frequência de dias na semana relatavam sofrer maior monitoramento de seus superiores e 11% disseram que seu chefe “me mantém sob controle por meio de verificações frequentes”. Mais de um terço relataram que precisavam estar sempre disponíveis, inclusive no pós expediente e era esperado que respondessem mensagens imediatamente. Para aqueles que relataram altos níveis de monitoramento (4 em uma escala de 5 pontos), 49% ficavam frequentemente ou sempre ansiosos ao realizar seu trabalho.

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