Por EXTRA

A eleição municipal em Niterói neste domingo, dia 15, marca na história do estado do Rio uma conquista inédita na comunidade trans. A ativista Benny Briolly, que se se define como “uma mulher preta travesti favelada, feminista, ecossocialista, do movimento negro e LGBTI+, militante de direitos humanos e do PSOL”, foi eleita vereadora.

Em seu perfil do Twitter, ela celebrou a vitória e agradeceu o apoio.

“Fizemos história! Obrigada a todes que estão conosco nessa trajetória! Foi lindo, emocionante, sofrido até o último momento! Cara sorrindo com os olhos sorridentes. Vai ter mulher preta travesti na Câmara de Niterói ano que vem!”, escreveu.

Ao EXTRA, Briolly comentou os principais pontos de seu posicionamento político:

— Precisamos derrotar o Bolsonarismo no Brasil inteiro. Essa eleição significa muito para isso. A nossa eleição tem que vir junto com essa derrota na nossa sociedade. Precisamos superar urgentemente o fascismo, o autoritarismo, o racismo, machismo, a LGBTfobia e esse capitalismo predatório. Estamos ansiosas por isso.

A militante citou “assistência social e direitos humanos” como prioridades “para o povo preto, favelado, as mulheres, as LGBTIA+”.

— Queremos uma Niterói que não está nos cartões postais, que é feita do nosso povo que verdadeiramente constrói essa cidade. Uma Niterói que lembre que somos o município com a maior desigualdade racial do Brasil e, ao mesmo tempo, com uma das maiores arrecadações. Vamos lutar para corrigir desigualdades, essa é a nossa prioridade.

As propostas de Benny Briolly para Niterói envolvem a defesa pelos direitos da comunidade LGBTQI+, das mulheres e da população negra.

Neste ano, a ativista participou de uma manifestação do movimento Vidas Negras Importam, que ganhou força em todo o mundo após a morte do norte-americano George Floyd por um policial que ajoelhou no pescoço dele por quase nove minutos. Outro protesto de grande repercussão do qual Benny partipou ocorreu em razão da morte de Marielle em março de 2018.

Benny Briolly em protesto contra violência a pessoas negras
Benny Briolly em protesto contra violência a pessoas negras Foto: Reprodução

Briolly ocupará a partir do próximo ano uma cadeira na Câmara Muncipal por onde já passou a correlegionária Talíria Petrone, hoje deputada federal pelo estado do Rio e para quem a ativista trabalhava como assessora antes de entrar em campanha eleitoral.

No mês anterior a sua vitória nas urnas, Benny Briolly, de 28 anos, registrou ocorrência na 76ª DP (Niterói) por ter recebido ameaças de morte e ataques de ódio através das redes sociais. Uma mensagem deixada para ela no Facebook mencionava o acusado de assassinar a vereadora carioca Marielle Franco, que também era do PSOL:

“Ronnie Lessa já está de olhos em vocês. Cuidado com a metralhadora de excluir maconheiros”, dizia o comentário.

De acordo com a vereadora eleita, o caso ainda está sob investigação.

— As pessoas que nos ameaçaram foram chamadas para depor. Quanto mais alcançamos outras instâncias do poder, mais somos temidas e incomodamos. Garantir uma eleição e uma Câmara cada vez mais diversa é uma necessidade, essa necessidade precisa caminhar com a democracia. Isso irá incomodar os poderosos e estaremos preparadas para fazer um mandato que vai estremecer o poder viciado da nossa cidade, que ainda é muito masculino, branco, coronelista e heterocisnormativo. Niterói pode muito mais!

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