Por Artur Bernardi e Walder Galvão, TV Globo e G1 DF

Alunos do ensino médio de escolas públicas do Distrito Federal terão novo modelo de ensino a partir deste ano. A Secretaria de Educação aprovou, nesta segunda-feira (4), mudanças no currículos dos estudantes. O formato, inicialmente, será implementado em 12 colégios e deve ser expandido gradativamente.

A portaria que prevê a alteração foi publicada no Diário Oficial do DF. De acordo com a medida, até 30 de dezembro de 2021, o Conselho de Educação da capital deverá analisar e deliberar sobre o formato. Entre as mudanças estabelecidas, está a possibilidade de os alunos escolherem parte das matérias a serem cursadas (veja detalhes abaixo).

Ainda em 2021, o novo modelo deve ser implementado nas seguintes escolas:

  1. CED 3 do Guará
  2. CEM 804 do Recanto das Emas
  3. CEM 3 de Taguatinga
  4. CED 4 de Sobradinho
  5. CEMI Gama
  6. CED 123 de Samambaia
  7. CEM 3 do Gama
  8. CEM 12 de Ceilândia
  9. CEM 304 de Samambaia
  10. CEM 404 de Santa Maria
  11. CED São Francisco, em São Sebastião
  12. CEM 1 de Sobradinho

As medidas fazem parte do Currículo em Movimento do Novo Ensino Médio, que foi aprovado pelo Conselho de Educação do DF em 8 de dezembro.

“As discussões acerca dessa mudança já vêm de muitos anos”, explica Érika Botelho, gerente de integração curricular com a educação profissional da diretoria de ensino médio da pasta.

Segundo Érika, o novo currículo deve proporcionar ao jovem o “protagonismo do perfil escolar”. De acordo com a gerente da área, a implementação ocorrerá inicialmente em escolas pilotos, porém, a partir de 2022, o modelo será expandido.

Atualmente, o DF conta com 82 mil estudantes matriculados no ensino médio, distribuídos em 91 escolas.

Ainda de acordo com a Secretaria de Educação, os estudantes do ensino médio deixarão de ser separados por séries (1°, 2° e 3° ano) e passarão a ser avaliados em seis semestres. A expectativa é de que todo o ensino médio seja reformulado até 2024.

O que diz o Sinpro

A medida, entretanto, não agradou o Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF). De acordo com o diretor da entidade, Samuel Fernandes, o novo ensino médio é uma “privatização de disciplinas” e que as escolas da capital precisam de investimento nas estruturas.

“Somos contra esse modelo, que não ofertará as disciplinas necessárias. Vão ter consequências no futuro. A secretaria deveria se preocupar em investir em políticas públicas para educação”, disse.

Novo modelo

Estudantes de escola pública do Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: Mary Leal/Secretaria de Educação
Estudantes de escola pública do Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: Mary Leal/Secretaria de Educação

A Secretaria de Educação informou ainda que a implementação do sistema “é prioridade” e que o objetivo do projeto é proporcionar mais chances de profissionalização aos estudantes.

O novo sistema deve funcionar de forma semelhante ao das universidades. Os alunos terão matérias obrigatórias e seletivas, e terão que gerar 180 créditos nessas disciplinas, durante os seis semestres, para serem aprovados.

As matérias obrigatórias dos estudantes são chamadas de “formação geral básica”. Ao todo, os jovens deverão cumprir 1,7 mil horas dessa modalidade. Ela é formada por quatro áreas, divididas em componentes:

  • Linguagens e suas tecnologias: português, inglês, arte, educação física
  • Matemática e suas tecnologias: matemática
  • Ciências da natureza e suas tecnologias: biologia, física, química
  • Ciências humanas e sociais aplicadas: história, geografia, sociologia, filosofia

Além disso, os alunos poderão optar por matérias específicas, chamadas de “itinerário formativo“. Ao todo, eles terão de cursar 1,3 mil horas desse tipo de disciplina. O conteúdo oferecido pelas escolas será dividido em quatro tipos:

  • Projeto de vida
  • Língua espanhola
  • Eletivas orientadas
  • Trilhas de aprendizagem

Segundo a secretaria, há 200 disciplinas prontas para serem oferecidas aos estudantes da capital. Eles deverão escolhê-las desde o primeiro semestre.

A pasta explica que, por exemplo, se um aluno quer ser engenheiro, ele pode optar por áreas de matemática e ciências da natureza. Caso um estudante deseje se tornar advogado, ele poderá ter mais aulas sobre linguagens e ciências humanas.

Os estudantes ainda terão a possibilidade de sair das escolas com diploma de curso técnico. Caso o aluno opte, poderá adquirir a formação geral básica e o complemento da educação profissional e tecnológica. Para isso, deve aderir a mais aulas, que terão entre 800 e 1,2 mil horas de duração.

Alguns cursos técnicos serão ministrados em parceria com o Senai e o Senac, como técnico em administração, técnico em informática, assistente administrativo e técnico em manutenção automotiva.

Empolgação

Para alguns dos 82 mil estudantes do ensino médio, a mudança é esperada com empolgação.

Guilherme Coutinho, de 15 anos, está animado com o novo modelo do ensino médio, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Guilherme Coutinho, de 15 anos, está animado com o novo modelo do ensino médio, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

O estudante Guilherme Coutinho, de 15 anos, diz que a flexibilidade maior para escolher as matérias proporcionará novas oportunidades. “Isso vai fazer com que tiremos notas melhores e levemos o aprendizado para o resto da vida”, disse.

Para Nicoli Moreira, de 14 anos, a partir do novo currículo, os estudantes poderão dar mais atenção para as disciplinas e se organizar melhor nos semestres. “Teremos um tempo exclusivo para cada matéria”.

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