Por EXTRA

O Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, de 70 anos, foi acusado de assédio moral e sexual por quatro ex-seminaristas que frequentaram sua residência, na capital paraense, entre 2010 e 2014. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.

A defesa de Dom Alberto afirmou que os jovens fizeram as denúncias por “vingança” contra a “gestão austera” do Arcebispo em seu cargo. Dom Alberto divulgou um vídeo, mas sem tratar dos atos de que foi acusado.

O relato dos quatro aspirantes a padre revelam um padrão semelhante de assédio. Em depoimento ao Fantástico, no último domingo (3), os jovens — que não se identificaram, por medo de represálias — contaram que foram convidados pelo Arcebispo para ir a seu quarto. Segundo eles, Dom Alberto falava então sobre intimidades e tocou no pênis dos jovens.

— (O assunto) Era sempre sobre sexualidade — recorda um ex-seminarista, identificado na reportagem como “Z”. — O primeiro ponto que ele tocava era sobre a masturbação. Era sobre toque, e se eu sentia desejo, por quem sentia desejo. Quando ele tocou na minha parte, disse que aquilo ali era normal do homem. Mas eu não via maldade, porque confiei muito, por ele ser uma autoridade, também não tinha experiência. Mas aquilo foi se tornando permanente e mais agressivo.

Outro jovem, identificado por “X”, contou que Dom Alberto perguntou se ele era virgem, se ele se masturbava e “pediu pra eu mostrar como eu fazia” a masturbação. O Arcebispo, conta, o despiu e também teria tirado a própria roupa.

Segundo “S”, o religioso “pediu pra eu mostrar como me masturbava no dedo dele”. Um ano depois, houve a mesma abordagem. Quando o seminarista, abalado, o avisou que pretendia abandonar o seminário, Dom Alberto teria se enfurecido.

— Bateu na mesa, me xingou de viado, disse que chorar era coisa de viado, que eu não tinha que chorar, que eu tinha que ser homem, que eu tinha que ser forte e não sei o quê. Isso tudo gritando, de maneira que chegou a me assustar — revelou.

A quarta vítima, “Y”, disse à reportagem que não sofreu abusos, mas sim assédio. De acordo com o relato, Dom Alberto disse a ele que precisava de ajuda e pediu que lesse um livro.

— O nome do livro é Batalha pela normalidade sexual, uma coisa assim. Você lia o livro e dizia assim, que ser homossexual é uma doença, que a gente precisava ser tratado.

Padres pediram investigação

Dois padres de Belém registraram o depoimento dos quatro ex-seminaristas em junho de 2019 e escreveram uma carta ao Bispo Emérito de Marajó (PA), Dom José Azcona, conhecido por sua luta contra o abuso sexual de crianças e adolescentes. Na carta, ambos pedem a investigação dos relatos.

Além da Polícia Civil, o caso também foi levado à Nunciatura Apostólica de Brasília, representação diplomática da Santa Sé. Um representante do Vaticano veio ao país para apurar as denúncias.

A Nunciatura Apostólica afirmou que caberia à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) comentar as denúncias, mas o órgão afirmou que não foi informado oficialmente do caso.

Na semana passada, 37 entidades civis e de direitos humanos assinaram um manifesto pedindo o afastamento do arcebispo de seu cargo até o fim das investigações.

O Arcebispo recebeu a solidariedade de ex-seminaristas e padres, como Marcelo Rossi e Fabio de Melo.

Roberto Lauria, advogado de Dom Alberto, afirmou que o religioso está à disposição para depoimento na Polícia Civil ou no Ministério Público:

— Todo católico paraense conhece a lisura, a honestidade, a honradez com que se porta Dom Alberto. (…) que doou meio século de vida à Igreja Católica, passando por 3 estados e o DF, coordenando seminários, ordenando como padre mais de 200 seminaristas — afirmou. — Os denunciantes não são quatro pessoas isoladas. São um grupo de pessoas, que têm um profundo recalque, um profundo sentimento de vingança por Dom Alberto e, por que tem esse sentimento? Justamente, pela grande característica da gestão de Dom Alberto, que era uma gestão austera. Pessoas foram afastadas do seminário por comportamento incompatível com a vida religiosa.

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