Por Afonso Ferreira, G1 DF

53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi alvo de um ataque hacker de caráter pornográfico, racista e homofóbico. O fato ocorreu na quarta-feira (16), durante um painel que reunia cineastas mulheres, que falavam do cinema político, visto pelo olhar feminino. O festival é transmitido pelo Canal Brasil e na plataforma de streaming Canais Globo, por conta da pandemia do novo coronavírus.

Conforme a organização do evento, os hackers invadiram o sistema e “transmitiram imagens de teor pornográfico, racista e homofóbico”. O painel foi interrompido e retomado em uma sala com acesso restrito.

A curadoria e a direção do 53° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro condenaram o ataque digital. Em nota, disseram que “a tecnologia do festival tenta identificar os perfis que disparam os ataques” (veja nota na íntegra no fim da reportagem).

Questionada pelo G1, a organização do evento informou que não registrou ocorrência na Polícia Civil. A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) confirmou que não houve registro.

O Ataque

O debate ocorria em uma plataforma digital de reuniões. O link foi postado no site do evento, na internet.

Qualquer pessoa podia entrar na sala virtual. Segundo os organizadores, “era uma forma de ampliar o debate e a participação nos painéis que não tinham transmissões ao vivo”.

Após o ataque, o painel foi editado e colocado nos canais de comunicação da Secretaria de Cultura do DF, sem o ataque. De acordo com os responsáveis pelo evento, foi “uma forma de prestigiar o protagonismo das cineastas”.

Polêmicas

Prêmios do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os troféus Candago, em imagem de arquivo — Foto: Agência Brasília/Arquivo
Prêmios do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, os troféus Candago, em imagem de arquivo — Foto: Agência Brasília/Arquivo

O Festival de Cinema de Brasília vai até o próximo domingo (20). Foram selecionados 30 filmes nacionais, entre 698 inscritos, para as mostras oficiais.

A edição do evento de 2020 foi marcada por polêmicas. Em junho, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa chegou a anunciar o cancelamento do festival, por falta de verba.

À época, o GDF argumentou que pretendia priorizar ações de governo no combate ao coronavírus e nos efeitos econômicos da pandemia.Três dias após o anúncio, no entanto, o secretário Bartolomeu Rodrigues voltou atrás e disse que o evento estava mantido.

Segundo o secretário, o governador Ibaneis Rocha (MDB) garantiu os recursos necessários para a iniciativa.

“Como secretário de Cultura e Economia Criativa (Secec), não poderia deixar que o mais longevo e importante festival de cinema do país fosse pausado. Só a censura calou o Festival de Brasília e essa é uma cicatriz que não podemos remexer”, disse à época Bartolomeu.

Edital para o festival

Em setembro, outra polêmica. A Secretaria de Cultura abriu edital com objetivo de selecionar uma Organização da Sociedade Civil (OSC) para organizar o evento. Historicamente, a própria pasta é responsável pela realização do festival.

O Instituto Eu Ligo chegou a ser selecionado no edital. No entanto, a medida recebeu críticas da classe artística. Em carta aberta, entidades do setor cultural afirmavam que a OSC não tinha experiência suficiente para realizar o evento. Disseram ainda que a proposta apresentada não se enquadrava nos requisitos da seleção.

Após as críticas, a Secec cancelou o edital. Em nota divulgada à época, o secretário Bartolomeu Rodrigues disse que “não é do interesse fazer um Festival de Brasília sem o clima colaborativo com a classe cinematográfica”.

Nota de repúdio

Após o ataque, na quarta-feira (16), a curadoria e a direção do 53° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro divulgaram uma nota de repúdio e condenam o ataque digital. Leia íntegra abaixo:

“É com sentimento de revolta, repúdio e indignação que a curadoria e a direção do 53° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) condenam veementemente o ataque digital à mesa de debates “Mulheres no Front”, realizada, no dia 16 de dezembro, como uma das composições das atividades paralelas deste Festival. A invasão criminosa de hackers expôs conteúdos sexistas e racistas num ato de violência incabível.

Gestora do FBCB, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF repudia todas e quaisquer manifestações de caráter machista, racista, homofóbico, misógino, xenófobo e desrespeitoso à dignidade da cidadania.

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