Por Redação

Marlla Angélica dos Santos, de 39 anos, denunciou dois homens brancos por agressão e injúria racial, na última sexta-feira (13), em Águas Claras, no Distrito Federal. A conselheira tutelar afirma ter sido chamada de “macaca” e “preta nojenta”, além de ter sido puxada pelo cabelo durante uma briga de trânsito. O caso é investigado pela 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga.

À TV Globo, Marlla contou que estava chegando em casa de carro, enquanto os homens transitavam a pé, pelo meio da rua. Eles teriam se irritado ao achar que a conselheira não os viu no local. Quando ela desceu do carro, os xingamentos começaram (veja detalhes abaixo).

O filho de Marlla foi agredido quando tentou defender a mãe. Pessoas que passavam pela rua ajudaram a afastar os homens. A conselheira tutelar chamou a Polícia Militar, que localizou os suspeitos em um bar, próximo à casa dela. Eles foram presos e liberados logo em seguida, após audiência de custódia.

O caso é investigado como ameaça e injúria racial. Na quarta-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que equipara o crime ao racismo e aumenta a pena para quem cometê-lo, de 1 a 3 anos de prisão, para 2 a 5 anos. A sanção aumenta se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.

Xingamentos e agressão

Marlla diz que estava chegando em casa, quando deu seta para entrar em casa, e diminuiu a velocidade do carro, para se aproximar do portão. Os dois homens, que transitavam pela rua, começaram a gritar e questionar se a mulher não estava os vendo.

A conselheira tutelar diz que desceu do carro e perguntou o que estava acontecendo. Nesse momento, os xingamentos começaram. “Vagabunda, piranha. Continuei meu posicionamento, questionando se eles estavam falando assim só porque estavam falando com uma mulher”, diz Marlla.

Em seguida, vieram as expressões racistas, segundo a mulher. “Macaca, preja nojenta. Foi quando meu filho ouviu. Eles estavam gritando muito alto. Ele saiu de casa e veio saber o que estava acontecendo, proteger a mãe”, conta a conselheira.

Ela conta que um dos homens começou a provocar o filho, que é adolescente. Em seguida, ele deu um soco no rosto do jovem, enquanto o outro homem puxava o cabelo de Marlla a ponto de derrubá-la no chão. Os homens ainda ameaçaram as vítimas de morte.

“Um popular chegou e falou que eles não iam bater em mulher. Segurou ele e outras pessoas apareceram. Foi uma confusão”, lembra. Os suspeitos acabaram deixando o local antes da chegada da Polícia Militar, que achou a dupla em um bar da região.

Indignação

Marlla afirma que, no momento, não teve reação. Mas, com o incentivo da família, resolveu denunciar “Fiquei com muito medo. Pensei em não falar nada, mas eu não posso me calar diante disso”, disse à reportagem.

“Minha mãe me empoderou, como mulher negra, para isso. Falava para eu me posicionar”, lembra Marlla.

Após saber que os suspeitos foram soltos, a mulher afirma que está preocupada, já que foi ameaçada por eles. As medidas cautelares impostas aos homens, que os impedem de se aproximar das vítimas, não são suficientes para acalmar Marlla. “A gente fica com medo. A minha família está receosa.”

A conselheira tutelar conta que a sensação é de indignação. “Não dá mais para as pessoas acharem que dá para me xingar, me humilhar porque eu sou preta. Esse racismo recreativo que a gente vê acabou”, afirma.

“Nada justifica o que eu passei, o que o meu filho passou. Essa ferida para se curar, eu não sei quanto tempo [precisa]”, disse Marlla.

Com informações da TV Globo e g1 DF

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