Por: Kennedy Gomes de Alecrim / EUpontocom

A busca por uma imagem positiva de si mesmo é inerente à natureza humana, porém, muitas vezes essa busca pode levar à criação de uma representação irrealista. As pessoas tendem a construir uma autoimagem idealizada, destacando qualidades positivas e minimizando defeitos, em um fenômeno conhecido como a ilusão da perfeição. Além disso, será discutido como o autoengano e traços que ameaçam os outros podem influenciar a construção dessa autoimagem distorcida.

Imagem ilustrativa por Bing – inteligência artificial – para Eupontocom

Imagine que em uma pequena cidade, vivia Maria, uma jovem talentosa e carismática. Maria era admirada por todos ao seu redor por sua inteligência, beleza e habilidades artísticas. No entanto, Maria tinha um segredo bem guardado: ela sofria de uma profunda insegurança em relação à sua aparência física. Mesmo recebendo elogios constantes, Maria sempre encontrava falhas em si mesma, passando horas se comparando a modelos de revistas e estrelas de cinema.

Imagine que um dia, durante um evento da comunidade, Maria foi convidada a cantar uma música para os presentes. Com sua voz doce e envolvente, Maria encantou a todos, recebendo uma ovação calorosa no final de sua apresentação. Enquanto as pessoas a parabenizavam e elogiavam sua performance, Maria não conseguia aceitar os elogios. Em sua mente, ela se via como uma cantora mediana, longe da perfeição que almejava.

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Essa história ilustra como mesmo indivíduos talentosos e admirados podem ter uma autoimagem distorcida, buscando constantemente um padrão inatingível de perfeição. A jornada de Maria nos lembra da importância de aceitar nossas imperfeições e valorizar nossas qualidades únicas, em vez de nos perdermos em uma busca interminável por uma imagem idealizada e irrealista de nós mesmos.

Autoengano e Traços Ameaçadores: O autoengano, mecanismo psicológico que nos leva a distorcer a realidade para proteger nossa autoestima, pode desempenhar um papel significativo na construção de uma autoimagem irrealista. Quando indivíduos se recusam a reconhecer suas falhas e limitações, criam uma narrativa falsa sobre si mesmos, alimentando a ilusão da perfeição.

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Além disso, traços de personalidade que ameaçam os outros, como a arrogância e a manipulação, podem contribuir para a manutenção dessa autoimagem distorcida. Indivíduos que exibem esses traços tendem a projetar uma imagem de superioridade e infalibilidade, escondendo suas vulnerabilidades e fragilidades por trás de uma fachada de perfeição.

A construção de uma autoimagem positiva e muitas vezes irrealista, aliada à recusa em reconhecer os próprios defeitos, é um fenômeno amplamente abordado na literatura psicológica. De acordo com os estudos de Papalia e Feldman (2013), a autoestima é parte integrante do autoconceito, refletindo o julgamento que um indivíduo faz sobre seu próprio valor. Essa autoimagem é influenciada por interações sociais e experiências vivenciadas ao longo da vida, podendo levar à promoção do sucesso ou ao insucesso, dependendo da identidade elaborada. Zacharias (2012) destaca que o autoconceito, por sua vez, é descritivo e avaliativo, relacionando-se diretamente com a autoestima e a autoconsciência do sujeito.

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A dinâmica familiar e as relações interpessoais desempenham um papel fundamental na formação da autoestima e do autoconceito, conforme discutido por Horta e Ferreira (2021). Fatores como nível socioeconômico, desempenho acadêmico e participação social influenciam diretamente a percepção que um indivíduo tem de si mesmo. 

Fonte:

  1. Autoengano:
  • Mele, A. R. (2001). Self-deception. In E. N. Zalta (Ed.), The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Stanford University. Link
  1. Traços de Personalidade Ameaçadores:
  • Paulhus, D. L., & Williams, K. M. (2002). The dark triad of personality: Narcissism, Machiavellianism, and psychopathy. Journal of Research in Personality, 36(6), 556-563. DOI
  1. Construção de uma Autoimagem Irrealista:
  • Sedikides, C., & Strube, M. J. (1997). Self-evaluation: To thine own self be good, to thine own self be sure, to thine own self be true, and to thine own self be better. In M. P. Zanna (Ed.), Advances in Experimental Social Psychology (Vol. 29, pp. 209-269). Academic Press. DOI

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