Por: Kennedy Gomes de Alecrim / EUpontocom

Imagine-se como um fotógrafo em um safári, capturando rapidamente imagens sem apreciar a cena completa. Essa metáfora ilustra nossa tendência inata a julgar rapidamente – um reflexo instintivo e muitas vezes inconsciente que molda nossas interações diárias.

Imagem ilustrativa por Bing – inteligência artificial – para Eupontocom

Em uma visão lúdica do funcionamento da mente, somos dominados por “elefantes” emocionais, poderosas forças que governam nossas decisões e julgamentos, emergindo automaticamente e influenciando nosso comportamento de maneira profunda. A racionalidade, ou nosso “piloto advogado”, como habilmente descrito pelo autor Jonathan Haidt, muitas vezes surge posteriormente, agindo mais como um advogado de defesa que busca justificar as decisões emocionais prévias do elefante.

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De acordo com Haidt (2012), as intuições morais surgem automaticamente e rapidamente, antes mesmo de o raciocínio moral ter a chance de se iniciar, e essas primeiras intuições tendem a guiar nosso pensamento posterior. Essas intuições são frequentemente acompanhadas por emoções, que desempenham um papel crucial na tomada de decisões. Damasio (1994) observou que pacientes privados de entrada emocional em seu processo de tomada de decisão frequentemente cometiam erros graves, destacando assim a importância das emoções como forma de processamento de informações. Margolis também contribui para essa visão ao argumentar que o julgamento moral é um processo cognitivo, com a distinção crucial entre duas formas de cognição: intuição e raciocínio (Haidt, 2012).

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No mundo real, essa dinâmica entre emoção e razão se manifesta de maneira vívida. Considere o “dilema do trem”, um cenário hipotético onde a decisão de salvar vidas empurrando uma pessoa nos trilhos muda drasticamente quando a vítima é um estranho em comparação com um membro da família. Nesse contexto, as emoções desempenham um papel crucial, influenciando diretamente nossos julgamentos e levando a justificativas distintas para ações que, sob uma ótica puramente racional, poderiam parecer semelhantes. Esses exemplos práticos ilustram como as emoções têm o poder de moldar nossas escolhas e decisões, muitas vezes de forma inconsciente e instantânea.

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Nesse sentido, é essencial refletir sobre a interação entre nossas emoções e nosso raciocínio, reconhecendo que nossos julgamentos automáticos podem ser influenciados por uma miríade de fatores emocionais. Ao compreender essa complexa relação entre elefante e piloto advogado em nossa mente, somos desafiados a questionar nossas próprias reações automáticas e a buscar uma maior consciência sobre os processos que guiam nossas decisões. Afinal, ao compreender melhor a natureza humana e os mecanismos por trás de nossos julgamentos precipitados, podemos nos tornar mais capacitados para tomar decisões informadas e éticas em nosso cotidiano.

Fonte:

Haidt, J. (2012). The Righteous Mind: Why Good People Are Divided by Politics and Religion. Damasio, A. R. (1994). Descartes’ Error: Emotion, Reason, and the Human Brain.

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