Novo estudo mostra ainda que longas jornadas de trabalho também contribuem negativamente
Por Barbara Bigarelli / valor.globo.com
Práticas de gestão inadequadas e jornadas de trabalho longas afetam a saúde mental, de acordo com um novo estudo realizado pela Universidade da Austrália. A pesquisa, publicada no “British Medical Journal” e realizada com 1.084 trabalhadores no país – sendo 89% deles em emprego de tempo integral em organizações –, mostrou que as empresas que deixam de recompensar ou reconhecer seus funcionários pelo trabalho, impõem demandas irracionais e não conferem autonomia estão colocando seus empregados em um risco muito maior de depressão.
O estudo acompanhou os trabalhadores por um ano, removendo funcionários com sintomas de depressão grave para examinar, na amostra final, a relação entre o clima de segurança psicológica no ambiente de trabalho, jornadas longas de trabalho e novos casos de sintomas de depressão maior.
A autora principal do estudo, Amy Zadow, avaliou em nota que as evidências indicam que o impacto negativo na saúde mental dos trabalhadores pode ser atribuído a práticas, prioridades e valores corporativos inadequados, “que então convergem para altas demandas de trabalho e com poucos recursos disponíveis”. O estudo também descobriu que, embora os trabalhadores entusiasmados e comprometidos sejam valorizados, trabalhar muitas horas pode aumentar o risco de depressão. Os homens também têm maior probabilidade de ficarem deprimidos se o local de trabalho der pouca atenção à sua saúde psicológica.
Um outro estudo recente, publicado em junho no “European Journal of Work and Organizational Psychology” apontou que um ambiente de trabalho tóxico pode levar à exaustão emocional e ao bullying. Segundo a autora Maureen Dollard, especialista australiana de renome em saúde mental no ambiente de trabalho, o estresse pode ser um gatilho para o bullying e, nos piores casos, pode definir um nível de comportamento ‘aceitável’ para outros integrantes da equipe. “Altos níveis de esgotamento do trabalhador são extremamente caros para as organizações e está claro que uma mudança organizacional de alto nível é necessária para endereçar esse problema”, afirmou Dollard em nota.
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