Por: Nayra Araújo Da Silva (convidada) / Kennedy G. Alecrim

A Reestruturação Produtiva do trabalho, também chamada de capitalismo flexível, se iniciou durante a segunda metade do século XX e, correspondeu ao processo de flexibilização do trabalho na cadeia produtiva. Mas quando se fala em flexibilização do trabalho o que você imagina? Bem, fala–se na crise do sistema Taylorista de produção. A reestruturação produtiva apenas se efetivou em virtude de avanços proporcionados pelas inovações tecnológicas, que permitiram uma maior eficiência no processo produtivo. Que também relata a respeito do Just in time “produção instantaneamente” (tradução livre).   

Como consequência dessa proposta de consequência ocorreu o surgimento da terceirização, onde uma empresa contrata outra para poder inserir trabalhadores dentro de suas atividades e fora de suas responsabilidades patronais. Com isso ocorreram impactos sociais enormes, porque os trabalhadores, elo mais fraco da cadeia produtiva, foram precariamente regulados (perderam direitos).  

Em geral os trabalhadores terceirizados ou vinculados tendem a ter salários desproporcionais em atividades semelhantes. Ou seja, mesmo tendo trabalhadores com o mesmo desempenho são gratificados desigualmente. E você o que pensa a respeito da desigualdade no trabalho? Acredita que é uma fatalidade da vida? Pois é, esse sentimento alicerçou o surgimento da parasubordinação estrutural. Mas o que é isso? 

Com as mudanças ocorridas no meio de produção, o antigo modelo de subordinação clássica já não mais atendia as necessidades do novo processo de produção, causando relevantes mudanças nas relações de trabalho que antes dividia, na sua grande maioria, trabalhadores subordinados e trabalhadores autônomos. Entre esses dois extremos, surge o trabalhador parasubordinado, que se situa entre a condição de subordinado sem elo empregatício em atividades fim, mas com iguais responsabilidades.  

Esse é um dos muitos contextos do mundo do trabalho hoje. “Home Office”, Carteira Verde Amarela, trabalhadores trabalhando por um curto tempo, como se fosse um “bico”. E com a chegada do Covid-19, ocorreram ainda mais mudanças na vida do trabalhador.  

É certo que o mundo não para, mas também é certo que ele acelerou nos últimos meses. Se antes o colaborador era o foco da transformação, para uma condição de docilidade apática diante da perda de direitos trabalhistas. Hoje, o líder é que precisa mudar. Suas posturas e suas abordagens devem convencer o colaborador de que tudo isso é normal. Ter uma boa comunicação com a sua equipe para ter um bom desempenho diante da pandemia é um trabalho de político no palanque, vendendo um futuro de esperança que nem mesmo ele sabe onde vai dar.  

Mas o que tudo isso têm haver com o trabalho em Home Office? Essa resposta é simples. A modalidade Home Office causa a mudanças da rotina de trabalho para o mundo virtual. Segundo Thaís Gameiro, doutora em neurociência e sócia da empresa de assessoria e educação corporativa Nêmesis, “A rotina de trabalho presencial foi substituída pela virtual, mas sem discussões sobre limitações e adaptações necessárias”. Você permanece ganhando o mesmo (ou até menos) e periga adoecer por ‘Zoom fatigue’ que é o termo para quando o home office te leva à exaustão mental. Por quê? Porque as reuniões tendem a ser exaustivas não apenas por serem feitas em grande quantidade e demorar mais tempo, mas também porque a tela de computadores e notebooks, e as imagens mostradas por eles, geram mais estímulos para o cérebro, que gasta mais energia para interpretá-los. É esse gasto de energia que gera a sensação de exaustão.  

E pensar que quando te venderam essa ideia provavelmente seu líder falou de mais qualidade de vida, mais tempo livre e menos cansaço físico ou mental ao economizar o tempo e processo de deslocamento, né? Bem-vindo à reestruturação produtiva do trabalho. E sim! Esse modelo veio para ficar.  

Se você ficou pensando nisso, nos diga: quais mudanças você tem observado durante essa pandemia, em seu trabalho? Me conte e vamos refletir juntos. 

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