Contratar e reter talentos, principalmente na área digital, é uma das principais demandas, aponta estudo

Por Jacilio Saraiva, Para o Valor


Neste segundo ano de distanciamento social, as três prioridades das organizações na gestão dos funcionários são digitalizar os recursos dos departamentos de recursos humanos; contratar e reter talentos, principalmente na área digital; e desenvolver novas formas de trabalho, com um eventual modelo híbrido de atuação no pós-pandemia. A preocupação com a saúde dos empregados também se tornou uma das principais agendas do RH na pandemia.

1 de 1 A pesquisa revela que os funcionários estão habituados a interações digitais na vida privada e agora demandam o mesmo tipo de interface na relação com os empregadores — Foto: Pixabay

É o que sinaliza levantamento realizado entre janeiro e abril de 2021 pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) e a World Federation of People Management Associations (WFPMA), rede global de associações de profissionais de RH, obtido com exclusividade pelo Valor.

O estudo “Creating people advantage 2021: The future of people management priorities” (“Criando vantagens para as pessoas 2021: O futuro das prioridades na gestão de recursos humanos”, do inglês) lista os 32 tópicos mais importantes para o gerenciamento da força de trabalho. Ouviu 6,8 mil executivos de empresas de 14 segmentos em 113 países, inclusive o Brasil (222 pessoas). Do total de entrevistados, 77% são do setor de RH, sendo 67,7% em cargos de liderança.

A pesquisa revela que os funcionários estão habituados a interações digitais na vida privada e agora demandam o mesmo tipo de interface na relação com os empregadores, explica Manuel Luiz, diretor executivo, sócio e líder da prática de pessoas e organização do BCG no Brasil.

“Mostra ainda a ‘criticidade’ em contratar e reter funcionários, em especial na área on-line, e de desenvolver talentos internos [upskilling] para uma economia digital”, explica. Outro aspecto relevante do relatório, diz Luiz, é a criação de novas formas de trabalho, com a preparação do regresso aos escritórios em uma fase pós-covid, em que se espera um padrão misto de expediente – presencial e remoto. Os executivos entrevistados apontaram a saúde e segurança dos funcionários (58%) como a competência mais importante nas companhias atualmente, percentual similar ao dos respondentes brasileiros (59%). Em segundo lugar, destacaram as relações com os empregados (50% no geral, 49% no Brasil).

Para o futuro, listaram como mais importantes os tópicos estratégias de pessoas e RH (90% no geral, 91% no Brasil) e desenvolvimento de lideranças (88% e 89%, respectivamente). Ao cruzar as duas dimensões do estudo (presente e futuro), os dados indicam que as principais tendências para o RH são a digitalização de recursos (uso de novas tecnologias e soluções baseadas na nuvem); busca de talentos (desenvolvimento da liderança e requalificação dos empregados) e o futuro do trabalho (RH mais ágil).

“A próxima geração de gestores de RH será mais inovadora e digital do que qualquer outra”, diz Luiz. “São atributos importantes para liderar hoje, mas serão essenciais nos próximos anos.”

O levantamento também faz recomendações aos líderes de RH, com base nas prioridades apontadas pelos entrevistados. Entre as principais estão: focar nas necessidades e expectativas dos funcionários, como principal fator de sucesso na busca por talentos; definir uma estratégia de trabalho “inteligente”, com horários e locais de produção flexíveis; e acelerar a digitalização dos departamentos de pessoal para orientar, por meio de dados, as decisões da área.

Também será preciso definir novos paradigmas para as habilidades do quadro, diz o consultor. “Deve-se planejar as equipes pensando no futuro e construir uma empresa que está constantemente aprimorando sua experiência de RH”, afirma.

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