O estudo de Juliane Caroline Barbosa Cortez da Silva, Anna Layse Amaro da Silva e Aline Virgínia Medeiros Nelson explora como o ambiente de trabalho, especialmente em uma sociedade disciplinar, contribui para o sofrimento humano e o desenvolvimento de transtornos psicológicos como estresse e depressão. A pesquisa lança luz sobre um problema que afeta não apenas indivíduos, mas toda a coletividade, ao demonstrar como a pressão e o controle no trabalho podem levar a danos psicológicos profundos.

Imagem gerada por IA com DALL·E e ChatGPT (OpenAI). Exclusiva do site EUpontocom.

A Sociedade Disciplinar e o Sofrimento no Trabalho

Baseados nas teorias de Michel Foucault e Christophe Dejours, os autores destacam que o sofrimento humano no trabalho não é apenas resultado de tarefas repetitivas ou físicas exaustivas, mas de um sistema que controla corpo e mente dos trabalhadores. Foucault denomina esse sistema de “sociedade disciplinar”, onde o controle sobre os indivíduos é exercido por instituições, como as empresas, que moldam comportamentos através de normas e expectativas rigorosas.

Segundo Dejours, o sofrimento no trabalho pode ser tanto criativo quanto patogênico. No primeiro caso, ele pode ser transformado em inovação e resistência; no segundo, leva a doenças psicossomáticas, estresse e até suicídio. A pesquisa revela que o sofrimento patogênico é amplificado em ambientes de trabalho onde a competição, a pressão por produtividade e a insegurança são constantes.

Imagem gerada por IA com DALL·E e ChatGPT (OpenAI). Exclusiva do site EUpontocom.

O Impacto do Sofrimento Organizacional

O estudo também conecta o sofrimento no trabalho ao desenvolvimento de transtornos mentais e físicos, como ansiedade, depressão e a síndrome de burnout. Em ambientes onde há um controle excessivo sobre os funcionários, sem espaço para reflexão ou contestação, as consequências podem ser devastadoras tanto para o indivíduo quanto para a organização.

Um exemplo clássico citado pelos autores é a obra de Charlie Chaplin, Tempos Modernos, que critica a alienação e os distúrbios mentais provocados pelo trabalho repetitivo. Hoje, as reestruturações frequentes, o downsizing e o aumento das pressões no local de trabalho reforçam essa realidade.

Reflexões Finais

Este estudo oferece uma visão aprofundada sobre como as condições de trabalho em uma sociedade disciplinar não apenas contribuem para o sofrimento psíquico, mas também exacerbam doenças ocupacionais. Empresas e gestores precisam reconhecer os sinais de sofrimento entre seus colaboradores e desenvolver estratégias preventivas para mitigar esse impacto, criando um ambiente de trabalho mais saudável e equilibrado.

Referências SILVA, J. C. B. C.; SILVA, A. L. A.; NELSON, A. V. M. (2015). Sofrimento humano nas organizações: o enfoque na sociedade disciplinar. ReCaPe Revista de Carreiras e Pessoas, 402-412.DOI: https://doi.org/10.20503/recape.v5i3.24370

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