Por: Alessandra da Silva (Convidada)/Kennedy G. de Alecrim
Vivemos a chamada pós modernidade, baseada na reestruturação produtiva, resultado das inovações tecnológicas (robótica e várias outras técnicas), que permitiram maior eficiência no processo produtivo, com custos menores e crescimento maior das empresas, onde as relações de trabalho se fragmentaram e o trabalhador precisa, cada vez mais, ser versátil no seu cargo, passando a realizar várias ações em diversas áreas demandantes. Um trabalhador “polivalente”, mais qualificado, que cumpra as necessidades da empresa, com mais rapidez e eficiência. Essa mudança foi uma possível resposta de sobrevivência à terceira revolução industrial (a era dos microcomputadores), que substitui a mão de obra pela automação, diminuindo os custos operacionais das organizações e promovendo o desemprego estrutural.
Essa nova realidade trouxe para o Brasil, a flexibilização do trabalho, como resposta ao desemprego. Atitude essa que não oferece solução para este problema. Muito pelo contrário, uma vez que o desemprego estrutural é o desemprego que ocorre porque o número de empregos disponíveis em alguns mercados de trabalho é insuficiente para proporcionar emprego a todos que desejam e possuem capacitação para tal. Diferente do desemprego conjuntural, ou desemprego cíclico, que é o desemprego causado por uma crise econômica. Onde as pessoas desejam trabalhar, mas não encontram emprego devido ao ciclo econômico em fase depressiva, tendo capacitação ou não.
Entre as consequências da flexibilização do trabalho, temos, cada vez mais evidente, a terceirização. Processo pelo qual uma organização contrata outra empresa para prestar um determinado serviço, sem as responsabilidades de custeio legal de trabalhadores efetivos da empresa. Embora no Brasil seja proibida essa prática para atividades fim (objetivo central da empresa), é permitida para atividades meio. Ou seja, uma fábrica de calçados não pode terceirizar o feitio do sapato mas pode terceirizar os serviços de limpeza, ordenamento e segurança.
Mais porque as empresas terceirizam? Maior produção com menor custo ! Os trabalhadores terceirizados ganham menos e trabalham mais. pois a maioria dos direitos dos terceirizados é desrespeitado, criando um personagem conhecido como “trabalhador de segunda classe”. O trabalhador se torna subordinado de si próprio, sendo para subordinado (possuindo as responsabilidades, de duas lideranças, mas não tendo as garantias do trabalho formalmente estruturado) pois para ele, não importa, de quem receba ordens, o importante é, que a empresa o acolha da fila do desemprego.
Após a pandemia, muita coisa vai mudar, o mundo na verdade, vai levantar muitos questionamentos sobre isso, ou aquilo, uma nova reestruturação do trabalho já está surgindo e promete mudar a visão de empreendedorismo, Cabe às organizações tentarem se manter nessa nova etapa, buscando inovações, novas técnicas, táticas e comunicação dos colegas de trabalho, para juntos conseguir ultrapassar essa crise que está chegando. E além das formas de organização o que vai mudar? Como as pessoas vão agir? Cabe a nós, trabalhadores, esperarmos o trailer desse filme que está por estrear. Aguardem.