Por Infomoney

As ações do Banco do Brasil (BBAS3) registram queda de cerca de 5% na sessão desta quarta-feira (13) em meio às informações de que André Brandão, presidente do BB, está deixando o cargo na instituição.

Os rumores começaram no início da tarde, mais precisamente às 13h35 (horário de Brasília), quando a notícia foi publicada pelo site de Veja, fazendo a ação cair forte com a informação de que ele poderia sair da presidência da estatal, como pode ser observado no gráfico abaixo.

Já perto do fechamento do pregão, a BandNews TV afirmou categoricamente que ele está de saída da instituição. Com isso, os ativos intensificaram as perdas, caindo 5%. Às 17h42, o papel BBAS3 caía 5,01%, a R$ 37,52.

Fonte: B3

Mais cedo, a coluna Radar, da Veja, havia informado que a mudança no comando da instituição estava sendo seriamente considerada pelo Planalto. “Brandão, na situação atual, não seria exonerado. O governo — leia-se a equipe de Paulo Guedes — encontraria outra função estratégica para ele. A mudança pode ser efetivada ainda nesta semana”, apontou a nota.

Na segunda, o Banco do Brasil anunciou a aprovação de um plano de reorganização para ganhos de eficiência operacional que prevê, entre outras medidas, o fechamento de 112 agências da instituição, além de programas de desligamento, com expectativa de adesão de 5 mil funcionários. O banco estima que a implementação plena das medidas deve ocorrer durante o primeiro semestre deste ano.

A reestruturação, já esperada pelo mercado, foi vista por analistas como um grande esforço da instituição para atacar seu maior gargalo em relação aos seus pares, a ineficiência, e avançar no processo de digitalização.

A avaliação é de que, embora tenha sido elogiado por analistas do setor, o plano teria desagradado Bolsonaro, devido ao potencial desgaste político da medida, em particular pelo momento, em meio a negociações para tentar emplacar seus candidatos para a eleição na presidência da Câmara dos Deputados e do Senado.

“Há uma sensação de dificuldade de implementar medidas de redução de despesas”, disse uma fonte familiarizada com o banco a par do assunto ouvida pela Reuters. Consultado, o BB informou que não comentaria rumores de mercado.

Por volta das 14h15, Andréia Sadi, do G1, também informou que Bolsonaro cogitaria a troca de comando no BB por não estar satisfeito com os “efeitos políticos” da gestão de Brandão.

Entre assessores do governo, a avaliação é a de que ele tem boa repercussão no mercado, mas não levou em conta o que chamam de “dimensão política” de medidas.

Ministro da Economia, Paulo Guedes gosta de Brandão e faz elogios ao perfil do presidente do banco, destaca a publicação da colunista. Assim, a equipe econômica tentava reverter a irritação do presidente, de forma a manter Brandão no cargo. “Mas admite que, desde a sua indicação, o presidente não se empolgou- mas aceitou em respeito a Guedes e [Roberto] Campos Neto”, ressalta, referindo-se também ao presidente do Banco Central, que também participou da escolha.

Segundo o Credit Suisse, se confirmada, a notícia é negativa, pois lançaria dúvidas sobre a continuação das iniciativas recentes de corte de custos, ao mesmo tempo que aumentaria o medo da interferência do governo.

Marcel Campos, analista da XP Investimentos, também destacou em nota que a notícia seria ruim. Isso porque i) Brandão sinalizou positivamente para o mercado que seu mandato seria voltado para o ganho de eficiência por meio de uma reestruturação organizacional; ii) o executivo é um veterano respeitado com mais de 30 anos de experiência em bancos privados, como Citi e HSBC, incluindo uma posição de CEO na operação local do HSBC de 2012 até sua venda para o Bradesco em 2016; e iii) pode ser visto como interferência política do governo (acionista controlador) em detrimento dos acionistas minoritários.

“No entanto, reiteramos nossa recomendação de compra e visão positiva ao banco, pois acreditamos que tal mudança não afetará os fundamentos do banco: i) um desconto de 15% ao valor patrimonial e 7 vezes a relação preço sobre lucro esperada para 2021, o que já poderia implicar em uma gestão abaixo da média; ii) defendido com uma boa carteira de crédito, menor exposição a receitas de serviços, elevados índices de liquidez e adequação de capital e tesouraria passiva; iii) digitalmente competitivo com o maior número de usuários ativos mensais de aplicativos e uma estratégia omnichannel; e iv) com vitaminas de curto prazo que poderiam aumentar os ganhos por meio de um menor custo de captação e provisões operacionais”, aponta o analista.

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