Repensando a Centralidade da Organização em detrimento das Relações Humanas
Por: Kennedy Gomes de Alecrim / EUpontocom
Imaginemos que… em uma cooperativa agrícola, a “Agroagro”, situada em uma região rural, os cooperados e funcionários estão empenhados na colheita anual. A cooperativa, que sempre prezou pela colaboração e pelo bem-estar comum, começa a enfrentar desafios à medida que cresce. A diretoria, focada em metas de produção e eficiência, começa a tratar a cooperativa mais como uma corporação tradicional do que como uma comunidade agrícola.
Os cooperados e funcionários, outrora vistos como parceiros essenciais, agora se sentem como meros números em um relatório. A mudança na dinâmica organizacional começa a afetar a moral da equipe, a qualidade do trabalho e a própria essência do cooperativismo.
A Reificação na Cooperativa Agrícola: Este cenário na Agroagro exemplifica a reificação em uma organização cooperativa. A reificação acontece quando a cooperativa, que é fundamentalmente um agrupamento de pessoas com objetivos comuns, passa a ser tratada como uma entidade impessoal. Esse fenômeno pode ser particularmente prejudicial em cooperativas, onde a colaboração e o senso de comunidade são vitais.
Desafios do Comportamento Organizacional no Cooperativismo: O caso da Agroagro reflete desafios específicos no contexto das cooperativas agrícolas. O Comportamento Organizacional, neste cenário, deve considerar não apenas as relações entre funcionários, mas também a dinâmica única entre cooperados e a gestão. A reificação pode levar a uma desconexão entre a gestão e os cooperados, minando os princípios do cooperativismo.
Valorização das Relações Humanas no Campo: A história da Agroagro ressalta a necessidade de valorizar as relações humanas no ambiente da cooperativa agrícola. Reconhecer a importância de cada cooperado e funcionário, respeitando suas contribuições e necessidades, é crucial para manter a essência do cooperativismo: a cooperação e o apoio mútuo.
Conclusão: O exemplo da Agroagro serve como um alerta para as cooperativas agrícolas e outras organizações que correm o risco de cair na armadilha da reificação. É essencial manter o foco nas pessoas que formam a base da cooperativa, promovendo um ambiente onde todos se sintam valorizados e parte integrante do processo. Ao adotar uma abordagem mais humanizada no estudo do Comportamento Organizacional, as cooperativas podem fortalecer seus laços comunitários e garantir um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Este artigo foi elaborado inspirado na fonte:
Melo, Newton Claizoni Moreno de, Dourado, Débora Coutinho Paschoal, & Mendonça, José Ricardo Costa de. (2018). Comportamento organizacional e a armadilha da organização reificada. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 21(2), 197-208. https://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v21i2p197-208
